25/04/11

Do Marquês ao Rossio



De braço dado descemos a Avenida. À frente os que restam dos bravos Capitães, seguidos por magotes de gente anónima. Em trinta e sete anos muitos partiram e muitos chegaram. Tal como as angústias e as alegrias daquela noite de setenta e quatro, tal como os sonhos e as ilusões que ousamos inventar e projectar na tela do tempo.
A cada passo vou memoriando amigos e camaradas de armas, enquanto à minha volta se canta a Grândola Vila Morena, Avenida abaixo. Se me perguntarem porque estou comovido, responderei que é por saudade. Se me perguntarem porque estou mesto, responderei que é por Abril. Se me perguntarem o que espero, responderei que não sei. Só sei que hoje desci do Marquês ao Rossio, rodeado de gente que só deseja ser feliz!

3 comentários:

  1. Tal como eu... fi-lo em pensamento e o meu grau de exigência é o mesmo - quero ser feliz!

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  2. Bela síntese esta que fez do sonho inacabado, felizmente ainda comum a tantos de nós. Não tive camaradas de armas, apenas amigos e companheiros, cúmplices da vontade de felicidade que Abril nos haveria de trazer. Também eu me vejo de braço dado a marchar com os nossos, presentes e ausentes, desde um qualquer Marques até um qualquer Rossio, ou mais além, onde ainda more a esperança.
    Mas que país e que tempos são estes que construímos, em que quase tudo parece ser de faz-de-conta?
    A despropósito, ou talvez não, hoje pela manhã enquanto tomava café, com a televisão sintonizada no que deveria ser a informação do canal 1, estranhamente não ouvi falar da Troika, nem do Passos, nem do Macedo, nem do Relvas, nem do que o Cavaco não disse, nem de ninguém do Governo. O cenário, era um jardim edílico dum qualquer palácio que não identifiquei e também não ouvi a pergunta do entrevistador, apenas a resposta do entrevistado, o D. Duarte Pio, pretendente ao trono português, que ia dizendo, mais ou menos assim: “Olhe, já ouviu algum conto de fadas que começasse assim – Era uma vez a filha dum presidente da república…”; Que caldeirada, e ocorreu-me, será por isso que o Dr. Fernando Nobre e alguns pretensos ilustres do nosso país apoiam a causa real?
    Se puder escolher, então prefiro o Asterix.

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  3. Com a devida vénia, devolvo o chapéu ao Marquês.

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