Nos dias que (es)correm, viscosos e purulentos, marcados pela vertigem da sucessão de episódios recambolescos e pelas habilidades de uma classe política incônscia e maioritariamente composta por gaiatos de idade adulta, escrever algumas linhas sobre o drama que estamos a viver é tão arriscado como partir de férias para a Líbia ou ser piolho na farta cabeleira que a Dra. Manuela Eanes ostentava nos idos da década de oitenta – uma autêntica aventura. Mesmo assim, arrisco, depois de um prudente silêncio a que me auto submeti.
Ora se dúvidas houvessem de que as eleições de 5 de Junho são uma pura perda de tempo e de recursos, com a entrada de rompante da troika FMI/BCE/CE e com a confirmação de que o ponto de partida para a negociação é o famoso PEC IV, rejeitado cirurgicamente pelo Sr. Passos, essas dúvidas ficam esclarecidas e confirmada também a falta de tacto político e de tomates do Sr. Silva. Neste contexto os programas eleitorais são uma quase mera ficção e a discussão passa a centrar-se praticamente e tão só nos protagonistas e numa qualidade que infelizmente tem acompanhado a evolução do crescimento da economia lusitana – o carácter. A confiança, ou a falta dela, parecem assim ensombrar as eleições mais complicadas da nossa vida democrática. O que pensar de gente que parece olvidar o essencial e que omite a situação real? O que dizer de gente que se contradiz à mesma velocidade que Berlusconi papa regazzas? O que pensar de um país em que já nem numa simples lata de salsichas se pode confiar? O que pensar?
É por tudo isto que estou a atingir o ponto de ebulição, de saturação e de explosão, e que cada vez que oiço os (ir)responsáveis políticos, em comunicações e em directos e indirectos induzidos e deduzidos por uma comunicação social ávida de gordura e de colesterol, me lembro deste cavalheiro. Afinal de contas nem o discurso nem os resultados são assim tão diferentes, pois não?
Infelizmente eu, habitualmente calmo e cordato, tendo a dar-lhe inteira razão.
ResponderEliminarEstou a assistir a coisas que me erodem o ânimo e contribuem para uma incontrolável crise de querer acreditar!
De facto do que urgentemente precisamos, em Portugal, é de gente com os parafusos todos.
Realmente, estando nós todos a resvalar para um buraco sem termos a noção do que nos espera lá no fundo, como é que se explica, que um aprendiz de candidato a primeiro ministro se disponibilize para negociar um quadro de apoio a um plano de resgate da economia portuguesa, depois de ter garantido às autoridades europeias que o apoiaria e quando convidado a participar numa primeira reunião com o Governo, a primeira coisa que faz é levar um interrogatório escrito, com mais de 40 perguntas, para depois, debaixo dos holofotes das televisões, em directo, afirmar para as câmaras que há gato escondido com rabo de fora e esqueletos nos armários.
ResponderEliminarEste senhor tem a noção de que a Finlândia, a Alemanha, a Suécia e outros países, estão fortemente condicionados para aprovar este apoio e que, estes espectáculos televisivos só vão adensar dúvidas e aumentar o risco de nos termos que virar sózinhos?
Tem ele a noção de que os técnicos do FMI, da Comissão e do BCE, são altamente especializados e estão a fazer um levantamento exaustivo de todas as variáveis da nossa situação económica?
Como é que se pode estar a pedir dinheiro, assumindo que assina a livrança e lhe dá o aval para que o dinheiro entre e, ao mesmo tempo, fazer passar para quem empresta, a ideia de que temos esqueletos no armário e não somos de confiança?
Quem é que pode confiar numa personagem deste calibre para 1º. ministro?
Sócrates não é flor que se cheire, mas entre ele, que já tem a sua quota de pecados penitenciada por 10 avé-marias e 6 padre-nossos e um aprendiz de feiticeiro que se tem revelado um autêntico flop, eu, mesmo que o sapo esteja vivo, não hesitarei em fazê-lo deslizar pelo esófago.
Bem Caro Vinagrete
ResponderEliminarLá vou eu ter que fazer uma cura com agua das termas...
Há coisas lixadas. Eu até aceitava a sugestão do Vento Norte no post anterior. Beber uns copos e depois dar-lhe com o Gurosan em cima, mas e se a ponta da esferográfica falha?
Abraços
Para quem está a pensar em votar em branco, ou abster-se:
ResponderEliminar''Tome partido. Neutralidade ajuda o opressor, nunca a vitíma. Silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado'' - Elie Wiesel
Ora então vamos ver e refletir:
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=UtTW72F8xo0