01/04/11

Cavaco foi "macaco"

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A par de outros símios, curiosos e galos de Barcelos que por aí regurgitam fel e acidez, cavalgando a insofismável onda estrutural do descontentamento colectivo, nos recentes episódios que desaguaram no pedido de escusa de Pinto de Sousa, assinalado com foguetório e bombinhas de mau cheiro por alguns inconsequentes angariadores de autógrafos sempre disponíveis para uma vendetta, o professor presidente recém-empossado portou-se à altura dos seus pergaminhos. Uma nódoa.
Com medo de que os recentes rancores coleccionados na campanha para Belém começassem a ganhar ranço, não se fez rogado e no dia em que iniciava funções de garante da estabilidade, subiu ao mais alto da tribuna do mosteiro de S. Bento da Saúde para lançar DDT sobre a pulgaria, ignorando por completo os danos colaterais das descuidadas patadas de elefante em loja de enxovais para noiva - mais de metade dos serviços de cristal e das porcelanas de Cantão ficaram em cacos, o noivo e a noiva desiludiram-se e a torpedeada credibilidade do Estado baixou dois furos no cinto, passando à notação de pré-comatoso. Estava dado o mote e confirmada a tremenda argúcia e intuição políticas do mais alto magistrado da nação.
Acto contínuo, Pinto de Sousa, ingenuamente ressabiado, procurou uma vez mais conforto no colo da Sra. Merkel e vai a jogo sem dar cavaco ao próprio e ao parceiro da oposição, piamente convencido de que o engomadinho Passos não haveria de tugir nem de mugir. Pinto de Sousa, não por táctica, mas por vingança, sem sequer imaginar o desfecho da malandrice, acabava de fazer cheque ao rei e papar a rainha.
E o que fez o presidente Silva? Básico: o que seria de esperar da sua postura de estadista apolítico - deitou óleo na fervura, saboreou com vagar duas delícias da pastelaria do lado, recebeu Passos para lhe segredar “vai-te a ele que eu não vi nada!”, e já estafado de tanto procurar soluções, tratou de difundir através dos canais preferenciais (na rede, of course…), a inexistência de “margem de manobra”. Olha a novidade - que o Sr. Silva tem pouca brecagem, já todos o sabíamos.
E foi assim, sem grande espanto, que ao fim de quinze dias a encanar a perna à rã, a beber chás com os partidos de responsabilidade limita e infusões com os sábios e descomprometidos conselheiros de Estado, o presidente anunciou ao país o que há muito estava anunciado – aceitou a vitimização de Pinto de Sousa, dissolveu o parlamento em dois decilitros e meio de champanhe sem gás, marcou nova falsa partida para 5 de Junho e lançou na chaga do desemprego temporário, governantes, deputados e uma resma incontável de primos, primas, amantes e umas figurinhas délficas que dão pelo curioso nome de “assessores”.
Não estou seguro de que baralhar, partir e voltar a dar venha trazer algo de novo, uma vez que o baralho já não tem trunfos e os jogadores são useiros e vezeiros no bluff e na batota. Também não estou certo de que o Sr. Silva tivesse conseguido resolver a questão por sua iniciativa, apelando a todos para se comportarem como homenzinhos e para porem acima de tudo os mais elevados interesses do país. Mas caramba, pelo menos podia ter tentado!... Podia ter mostrado que, para além da vasta bagagem e experiência que alardoou ao longo da boçal campanha, tem inteligência e coragem para enfrentar um dos mais complicados momentos da nossa existência enquanto Estado-Nação. Ao menos podia ter tentado…
Não fosse hoje o dia das mentiras e tudo o que acabo de escrever seria um insuportável pesadelo.


5 comentários:

  1. Foi pregando que era cada macaco no seu galho, mas acabou por surripiar a árvore toda para os amigos. Esta velha bananeira, mesmo já com pouca folha e cheia de maleitas, sempre dá alguma sombra. Ou era aos coqueiros que ele subia?
    Melhores dias virão.

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  2. Caro Relaxoterapeuta
    Estando eu ainda numa fase primária de perceber o que era isto da “bloga” um amigo (Vinagrete) falou-me do “Largo das Calhandreiras”, visitei-o e logo fiquei fã. Já tinha visitado alguns blogues de âmbito mais alargado, mas ali encontrei uma forma de tratar as questões locais muito especial. Ali fiz o meu primeiro comentário usando o anonimato, coisa habitual. Um dia e a propósito de um post adequado usei pela primeira vez o “folha seca” e assim foi ficando. Sem desfazer em qualquer outro dos membros da extinta comissão de moradores quando o meu caro publicava um post, era com sofreguidão que o lia, hás vezes duas ou mais vezes para perceber o fundo da questão tratada. Essa sensação mantem-se hoje no “Conto do Vigário”. É sempre com uma certa ansiedade que espero um novo escrito seu.
    Um abraço

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  3. Agradeço ao Folha Seca as suas amáveis palavras, agradecimento que estendo a todos os que são visita habitual, que são seguidores ou que por aqui vão deixando as suas impressões, identificando-se ou não - Vento Norte, Vinagrete, Não me Fecundem sff, Luís Coelho, Gold, Flor de Lis, Acintoso, Rogério Pereira, Carlos Albuquerque, Pedro Coimbra, Flor de Jasmim, Carlos Barbosa de Oliveira, Teófilo Silva, etc, etc, etc.
    Como sabe este é um blog de província, com pouca expressão, cujo único objectivo é partilhar a minha visão sobre o que vai acontecendo, procurando suscitar, eventualmente, alguma análise crítica por parte de quem lê ou até alguma discussão. Se o consigo, não sei. Mas pelo menos vou aliviando o espírito. Pode não ser o caminho mais fácil, mas foi o que escolhi. Talvez também por isso às vezes sinta alguma nostalgia do Largo das Calhandreiras e de todos os amigos que lá tinhamos e que por lá fomos fazendo. Sobretudo quando me dão conta do “reboliço” que para aí vai…

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  4. não me fecundem sffabril 04, 2011

    Vai ser difícil criar a dinâmica do blogue antigo, mas com tempo, ideias e gente, vai lá com toda a certeza.

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  5. FLor do Lizabril 07, 2011

    Boa noite,

    É pena, mas não tenha tanta certeza "não me fecundem sff".

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