Machete
ajustou os óculos na ponta do nariz e folheou o Borda d’Água com a altivez dum
néscio. Fixou os olhos esbugalhados no final da página dezoito, dedicada à sabedoria
popular, e leu o ditado como se de um bordão se tratasse: no São Martinho vai à adega e prova o vinho.
Não
foi de modas. Abeirou-se do pipo e, sôfrego, meteu queixos à torneira. O néctar
correu livre e inundou-lhe o estômago, o fígado e o córtex cerebral.
Mais
ao lado, Aníbal Silva e Pedro Coelho, com a boca atafulhada de castanhas
queimadas e cada qual com o seu copo de água-pé, não perdiam pitada, rindo a
bandeiras despregadas da figura do comparsa. “Este Machete é cá uma figura!…” –
sussurrou Pedro a Aníbal piscando-lhe o olho toldado. Anibal aquiesceu mirando os
sapatos coçados e rotos nas biqueiras.
Sem comentários:
Enviar um comentário