28/02/13

Se eu hoje pudesse dar-te um abraço




Ainda não morri !

Ainda não morri!
Embora todos os dias
morra um pedaço
e seja cada vez mais duro
o esforço que faço
para me manter inteiro,
direito,
ainda que imperfeito.

Ainda não morri!
Mas todos os dias faleço
quando tomo consciência
dos cruéis e ignóbeis preços
que se pagam à demência
prá conquista do poder,
do dinheiro,
da vaidade,
do prazer,
da exaltação do egoísmo,
descarado e sem pudor
ou mascarado de altruísmo.

Ainda não morri!
Mas vou-me sentindo um estranho,
derivando neste mundo.
Não por achá-lo imundo,
mas por nele ter mergulhado
completamente nu,
desprovido de escudo
da minha salvaguarda. 

Ainda não morri!
Mas, dia a dia, é mais árdua
tão erecta caminhada...

 
Luis Filipe Cardona

 

3 comentários:

  1. Caro Relaxoterapeuta
    Um post que me levou à emoção. Recordar o Fernando Pedro e o Cardona e na ligação que faz entre O homens e o poema é um post que dá para isso.
    Não fui intímo de qualquer um deles mas das vezes que eestive com qualquer um, deu para memorizar as suas qualidades como homens que deram muito à cultura Marinhense.
    Abraço

    ResponderEliminar
  2. Caro Rodrigo,
    agradeço o seu comentário, sobretudo porque vejo nele o mesmo sentimento de saudade que quis transmitir no dia em que fez um ano sobre a partida do Fernando Pedro.
    Gostaria que muitos mais dessem o seu testemunho sobre este homem singular, cuja integridade moral e intelectual muito deveriam orgulhar a Marinha Grande.
    Porém...

    ResponderEliminar
  3. Na semana seguinte ao seu falecimento escrevi umas palavras do meu sentimento pelo seu desaparecimento (no JMG).
    É com muita pena que vimos partir Homens deste quilate. Só os honraremos se recordarmos permanentemente, e em cada acção tenhamos a lucidez de questionar, o que faria o Fernando Pedro neste momento.
    Abraço
    Aurelio Ferreira

    ResponderEliminar