06/03/13

Abrenuncia




 A procissão está no adro e desfila já a bom ritmo as novidades da próxima colecção primavera-verão-outono, exibindo em corpos Danone XXL, faustosas e berrantes casulas, luxuosas estolas e desproporcionadas mitras. Medalhas e comendas luzem.
A encabeçar o cortejo, montado no seu jerico de euro e pouco por semana, vai o flibusteiro da Trombeta do Demónio, um asnil descendente de Palma Cavalito em versão net – que os tempos são de vertigem comunicacional e os bufos bombam novidades a cada segundo - acolitado de  perto por uma rara ave de arribação, muito engraçada e folgazona, que em tempos já foi “de quase tudo” e que agora, assentada a poeira, abraçou as letras e a sofisticada arte do desmanche de carcaças de novilho e de cavalo.
A cada passo e meio lançam um foguete, a maioria de pólvora seca, recolhendo de seguida as canas para fazerem armadilhas. De quando em quando lançam nuvens de fumo e confetes, sorrindo soberba e distribuindo beijinhos de chocolate de culinária. Estão felizes e sentem-se aconchegados com a atenção que lhes dispensam.
Mais atrás os homens-bons vão-se perfilando, acotovelando, disputando a sombra do pálio, um lugar na fila da frente do consistório e a generosidade do povo que os aplaude sem entender o que se passa. O povo é assim, é generoso por natureza e não gosta de arriscar – mais vale um borracho na frigideira que dois papa-figos empoleirados na antena da televisão.
A festa promete fados e guitarradas, folclore e sevilhanas, banda filarmónica e quermesse, comes-e-bebes e benzeduras. Quanto ao resto, à árdua tarefa de fazer renascer o orgulho ferido de uma paróquia sem rumo certo e sem futuro pensado, talvez lá mais para as férias grandes, quando o povo estiver ainda mais distraído a comer tremoços e a beber minis nas Pedras Negras, pois o que interessa agora é quem vai ser o prior, o sacristão, o mordomo e o anjinho. Interessa definir com o rigor gasparino quem vai levar a bandeira, quem vai pedir esmola, tocar o sino, beijar as criancinhas e subir ao púlpito para nos maçar de tédio. O burro do presépio há muito que foi mandatado e o seu lugar não é discutível. Pena que não se enxergue, já que o pio Bento não o proscreveu tal como fez com a Cornélia.
Este filme já o vi vezes sem conta e o final não é feliz, invariavelmente traduz-se não em quem ganha mas sim em quem perde. Não se trata de mérito mas de falta dele. Por inércia, por inépcia, por falta de senso, por não se saber ver para além do umbigo untuoso e cheio de cotão. Manter as capelinhas é a maior das necessidades da alma e do corpo.
Mas eu cá por mim não vou dar abébias, não vou ser indulgente, vou fazer um caderno de encargos e dar a conhecer ponto-por-ponto o que me fará ter fé e acreditar num futuro melhor. Pois se me acusam de não ser exigente com aqueles em quem confiei, não será desta por falta de aviso. De hoje em diante vou-me dedicar a estabelecer os critérios que me farão decidir e vou dá-los a conhecer publicamente. Aqui! Não em retiros manhosos ou encontros à socapa. Aqui! À vista de todos! Aqui! Onde quem quiser pode entrar e partilhar. E depois sim, podemos ir aos Necas ou ao Fabioca mamar umas imperiais e chupar uns caracóis.
  

8 comentários:

  1. Mais um texto odioso. Não gosto do estilo nem do conteúdo que mal se percebe. Pelos vistos não sou o único. Parece-me que está a perder o seu tempo com conversa fiada.
    Se quer um conselho, escreva apenas sobre assuntos que tenham algum interesse e desenvolva ideias. Mas sequer denegrir os outros seja homem e assuma a sua identidade ou não passará de um cobardolas.

    ResponderEliminar
  2. Já te topeimarço 07, 2013

    Ó anónimo anterior, não percas tempo que este relaxado é inimputável, eh, eh, eh!

    ResponderEliminar
  3. Flor do Lizmarço 07, 2013

    Mas porque é que visitam o blog?
    Se vos incomoda e não apreciam o autor, porque é que insistem?

    ResponderEliminar
  4. Eu visito na esperança de um dia conseguir perceber o que o autor quer dizer. Até hoje tenho tido azar.

    ResponderEliminar
  5. Aqui! À vista de todos!
    Promete. Fico na expectativa do desenvolvimento. Expectativa bem alta, considerando a posição em que o Relaxoterapeuta tem colocado a fasquia com os seus textos.
    Perdoe-me uma sugestão, que é a de fazer acompanhar os seus escritos de uma tradução ligeira para quem tem manifestado a frustração causada pela dislexia. Talvez mesmo um esquema gráfico com legendas simples e directas. Assim qualquer interessado poderá finalmente entender.

    ResponderEliminar
  6. A Flor de Lis já veio em socorro, o Vento do Norte também só falta o Folha das Secas. Pelos vistos são os únicos três que compreendem o que o relaxado escreve. Muita parra e pouca uva. Dediquem-se mas é á agricultura na nova horta do + Bicas & Cafés.

    ResponderEliminar
  7. Bem!
    Li como sempre faço (há uns anitos) os posts do Relaxaterapeuta (confesso que algumas vezes tive que reler). Não comentei porque nisto não há qualquer "obrigação". Voltei e de facto senti-me na obrigação de dizer qualquer coisa (até porque fui citado "ordináriamente) até porque há muito que o meu anonimato desapareceu.
    A unica coisa que me parece ter a acrescentar é que a ignorância e maldicência) está sempre atenta para tentar denegrir um dos melhores bloggers da nossa praça. Paciência.
    Rodrigo

    ResponderEliminar
  8. vinagretemaio 20, 2013

    Passando por cima das manifestações de total ignorância da Língua Portuguesa, que se mede pela ausência de capacidade para interpretar um texto, que alguns (um) aqui revela, quero deixar aqui expresso quanto lamento só agora ter redescoberto o prazer de ler os seus escritos.
    Aqui à vista de todos, me afirmo solidário com o seu caderno de encargos.

    ResponderEliminar