12/03/13

Caderno de Encargos I


- Pode dizer-me por favor que caminho devo seguir para sair daqui?
- Isso depende muito para onde queira ir - disse o Gato.
- Não me importo muito para onde vou - respondeu Alice.
- Então qualquer caminho serve - retorquiu o Gato.
.
(diálogo retirado do livro Alice no País das Maravilhas de Lewis Carrol)
  
NOTA PRÉVIA
Obviamente que conteúdo e forma constituem um todo indissociável para efeitos de valoração do projecto ao qual atribuirei o meu voto nas próximas eleições autárquicas. Quero contudo deixar claro que não tenho qualquer reserva mental relativamente à forma de organização que corporize os diferentes projectos “a concurso”. Mas, esclareço também, que será liminarmente desqualificada qualquer forma de organização que não se assuma de cariz político e que desvalorize preconceituosamente essa matriz de desempenho.
Governar um país, uma autarquia ou uma freguesia é na sua essência fazer política, escolhas, tomar decisões. Não faria por isso qualquer sentido escolher alguém para me representar e ocupar um cargo político que não compreenda o básico. Ser o representante político dos cidadãos deverá ser sempre visto como uma forma superior de servir os outros e nunca o seu contrário, sob pena de continuarmos a desvirtuar e a desacreditar as instituições e as pessoas de bem.
 
MATÉRIA DE FACTO
É evidente que não posso aceitar votar num projecto que não saiba definir objectivos e indicar quais os caminhos a percorrer nessa direcção. Aliás, o exemplo da gestão autárquica dos últimos oito anos, é a forma acabado dessa falta de sistematização e de visão estratégica que exijo para um projecto que queira conquistar o meu voto para as próximas autárquicas.
Assim, os projectos a concurso deverão definir de uma forma geral, mas não genérica, qual a visão estratégica que defendem para o Conselho, abarcando um horizonte temporal nunca inferior a 10 anos, sendo tão precisos quanto possível na identificação do modelo de desenvolvimento humano, económico e organizativo pretendido, justificando a escolha com argumentos que a possam sustentar. Será igualmente essencial que se quantifiquem indicadores gerais de desenvolvimento, qualidade de vida e de bem-estar que se pretendem alcançar nesse horizonte temporal, tomando-os como compromisso de metas a atingir.
As generalidades e banalidades meramente descritivas, inexequíveis, sem fundamentação e sem racionalidade argumentativa, serão por mim entendidas como falta de estratégia e/ou como publicidade enganosa, estando-lhes por isso reservado o caixote do lixo.
Talvez este meu primeiro ponto do caderno encargos possa parecer redutor, vago, básico ou até pueril. Não penso que assim seja uma vez que será a pedra basilar de toda a construção. E está mais do que visto que a esmagadora maioria dos anteriores projectos a concurso não partiu deste ponto. Simplesmente pôs-se a caminho sem saber para onde ia. Tal como a Alice no País das Maravilhas.
 

Sem comentários:

Enviar um comentário