- Pode dizer-me por favor que
caminho devo seguir para sair daqui?
- Isso depende muito para onde queira
ir - disse o Gato.
- Não me importo muito para onde vou
- respondeu Alice.
- Então qualquer caminho serve - retorquiu
o Gato.
.
(diálogo retirado do livro Alice no País das Maravilhas de Lewis Carrol)
(diálogo retirado do livro Alice no País das Maravilhas de Lewis Carrol)
NOTA PRÉVIA
Obviamente que conteúdo e forma
constituem um todo indissociável para efeitos de valoração do projecto ao qual
atribuirei o meu voto nas próximas eleições autárquicas. Quero contudo deixar
claro que não tenho qualquer reserva mental relativamente à forma de
organização que corporize os diferentes projectos “a concurso”. Mas, esclareço
também, que será liminarmente desqualificada qualquer forma de organização que
não se assuma de cariz político e que desvalorize preconceituosamente essa
matriz de desempenho.
Governar um país, uma autarquia
ou uma freguesia é na sua essência fazer política, escolhas, tomar decisões. Não
faria por isso qualquer sentido escolher alguém para me representar e ocupar um
cargo político que não compreenda o básico. Ser o representante político dos
cidadãos deverá ser sempre visto como uma forma superior de servir os outros e
nunca o seu contrário, sob pena de continuarmos a desvirtuar e a desacreditar
as instituições e as pessoas de bem.
MATÉRIA DE FACTO
É evidente que não posso aceitar
votar num projecto que não saiba definir objectivos e indicar quais os caminhos
a percorrer nessa direcção. Aliás, o exemplo da gestão autárquica dos últimos
oito anos, é a forma acabado dessa falta de sistematização e de visão
estratégica que exijo para um projecto que queira conquistar o meu voto para as
próximas autárquicas.
Assim, os projectos a concurso
deverão definir de uma forma geral, mas não genérica, qual a visão estratégica
que defendem para o Conselho, abarcando um horizonte temporal nunca inferior a
10 anos, sendo tão precisos quanto possível na identificação do modelo de
desenvolvimento humano, económico e organizativo pretendido, justificando a
escolha com argumentos que a possam sustentar. Será igualmente
essencial que se quantifiquem indicadores gerais de desenvolvimento, qualidade
de vida e de bem-estar que se pretendem alcançar nesse horizonte temporal,
tomando-os como compromisso de metas a atingir.
As generalidades e banalidades meramente
descritivas, inexequíveis, sem fundamentação e sem racionalidade argumentativa,
serão por mim entendidas como falta de estratégia e/ou como publicidade
enganosa, estando-lhes por isso reservado o caixote do lixo.
Talvez este meu primeiro ponto do
caderno encargos possa parecer redutor, vago, básico ou até pueril. Não penso
que assim seja uma vez que será a pedra basilar de toda a construção. E está
mais do que visto que a esmagadora maioria dos anteriores projectos a concurso
não partiu deste ponto. Simplesmente pôs-se a caminho sem saber para onde ia.
Tal como a Alice no País das Maravilhas.
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