La semaine dernière, enquanto no
parlamento os deputados se entretinham a preparar a grelha de programas para
o Canal Relvas, de novo apostada em reconquistar a lavoura, por cá a “velha
guarda” escrevinhava (em jeito de…) conselhos a pataco para a “rapaziada” que
tomou as dores de pôr em movimento um, movimento. Não é que o assunto não
tivesse por onde discorrer, o problema é que a mão da “velha guarda” tremeu –
vá-se lá saber porquê! – e o tiro de canhoeira tosca saiu mais de meia milha
náutica ao lado. Mas a tragédia podia ter sido bem pior pois, não satisfeita, a
“velha-guarda” virou a arma para si própria, inspeccionando de forma displicente
o cano ainda fumegante. Felizmente estava descarregada e não causou mossa de
maior, para além da cara mascarrada e dos colarinhos da camisa alva, maculados
do mesmo negro pólvora-seca.
Se a forma foi desastrada, revelando
laivos de um pré-conceito moral de superioridade próprio de quem não tem pudor
em “arregimentar” a favor do seu estatuto de conselheiro contas de outros
rosários, as quais exigiriam a descrição e o recato de um bom samaritano, o
conteúdo não o foi menos. Afinal de contas a maioria dos conselhos oferecidos
em salva de prata, mas requintadamente temperados com essência de fel e extracto
de bílis, serviriam que nem uma luva para um exame de auto-crítica. É que
afinal não se percebe como é que alguém que anda na política há tanto tempo,
militando num partido do arco do poder, useiro e vezeiro em promessas e
garantias sem fundilhos, vem agora esconjurar as juras dos outros. É que afinal
não se percebe como é que alguém que conviveu com gente sem escrúpulos sedenta de
tachos e de lugarzinhos, apenas o revele quando supostamente esses “vira-casacas”
se passam para o outro lado. É que afinal não se percebe como é que alguém que
milita num partido do arco do poder e que para além disso ganha a vida na
defesa dos outros, venha sugerir que o passado revela sempre o que será o
futuro, pois que o currículo e o mérito são o salvo-conduto para um lugar
na boa gestão da coisa pública, como se isso fosse verdade no seu próprio partido e
revelando ainda que não acredita na reinserção e na regeneração dos indivíduos. É que afinal não se percebe como é que alguém que aconselha
os outros a não dizer mal se entregue a um exemplar exercício genérico de má-língua,
ainda que algum concorrente na arte o possa considerar arrasador.
Fica-me contudo uma dúvida. Se
ainda agora os pardais se começaram a labuzar (de forma desastrada, no modo e
no conteúdo, digo eu que não pesco uma…), com os primeiros milhos e já a “velha-guarda”
vem à liça para marcar território, o que não será quando o cereal começar a jorrar
a granel!?...
Vamos a ver quem é que aguenta o teste.
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