Quando há uns anos contei a saga
da minha ída ao mercado na antiga Resinagem, propus a mim mesmo não mais voltar à
vaca fria, porque a experiência tinha sido traumática e porque neste tipo de
assuntos a discussão é tudo menos séria.
Manda porém a razão e o bom
senso que, controlados que foram alguns dos efeitos do stress pós-traumático do atribulado episódio, com
a ajuda especializada duma psicóloga fogosa e habilidosa de mãos, que me
devolveu a coragem de voltar a enfrentar uma “praça” de cabeça erguida, volte por
instantes ao tema para sublinhar a honestidade intelectual e até a coragem com
que o ex-vereador Armando Constâncio continua a defender que o mercado
municipal seja instalado no Atrium.
E se dúvidas houvessem, o facto
é que continua a ser uma das poucas pessoas (a outra talvez seja moi-même) que
em oito anos, repito, oito anos, continua a apresentar uma solução para aquele
espaço – dar-lhe o fim para o qual foi construído. Chiça-penico, que
complicação…
A verdade é que sobre este, e
outros assuntos, a esmagadora maioria dos opinantes fala de cor e salteado do
que não sabe nem conhece, formando opinião com base no rigor científico dos bitaites
de ilustres estudiosos do tema, como o investigador bolseiro do MCI e quejandos,
figuras que incontornavelmente não têm qualquer reserva mental em relação ao
assunto.
Mas mais grave. A bipolaridade
atingiu (e atinge) contornos tais, que os mesmos que esconjuraram a solução das
barracas e que denunciavam as manobras rasteiras para a não utilização do
Atrium, como a providência à cautela e o célebre estudo cuja conclusão final era o próprio mote do mesmo,
arrumaram a razão na gaveta que o tio Mário lhes legou em testamento, demitiram
a inteligência sem lhe pagarem qualquer indeminização, e engrossaram a horda do
folclore - prometeram numa campanha de mangas arregaçadas, o fim das barracas e
um terceiro mercado novinho em folha, com corta-fitas boticário e churrasco de
vacas magras à discrição.
Se quiserem discutir o assunto
com seriedade, aceito. Se quiserem insistir nas considerações vagas e genéricas,
faço-me desentendido. Porque mesmo admitindo que houve erros, o que é absolutamente
verdade, deixo no ar a questão essencial: qual é o problema inultrapassável
para pôr o mercado a funcionar no Atrium? Digam-me um, apena um, que eu saio de
fininho e volto de novo a procurar apoio psicológico no divã da libidinosa discípula
de Freud.
A ver se é desta que isto anima.