Sobre esta notícia que há já alguns dias foi
publicada no Região de Leiria, não ouvi um lamento, um comentário, um ai. Os
autarcas mantiveram-se sossegados, os sindicatos mudos, a sociedade dita civil,
tão generosa em comentários pífios na blogosfera e nas redes sociais, não
pestanejou. Estamos apenas a um pequeno passo duma tragédia anunciada, estamos
apenas a uma fração de tempo do abismo. Dentro em breve não restará entre nós
um único mestre vidreiro, um único lapidário, um único pintor, um único
colhedor, um único aprendiz. Apenas restarão memórias.
Quem não percebe da importância cultural deste
precioso património que é a arte do vidro, não percebe a identidade deste povo.
Não percebe que esta foi uma arte agregadora do nosso tecido social durante
décadas, não percebe a dureza do trabalho que moldou consciências, não percebe
o legado que foi transmitido com orgulho de pais para filhos, não percebe o
significado da fusão dos materiais e do espírito criador, não percebe a nossa
essência.
Sei que em grande medida as “leis de mercado” iniciaram
o processo de extinção e que a estupidez dos homens fez o resto. Contudo, o
património imaterial representado pela arte do vidro é um bem demasiado precioso
para que dele possamos abdicar sem qualquer rebate de consciência.
Não tenho soluções milagrosas, mas considero ser
uma obrigação de todos os Marinhenses tentarmos até ao limite preservar a nossa
identidade colectiva. Por isso, esta era uma discussão que gostaria de ver
alargada a todos, sobretudo em véspera dos bastidores se agitarem com galopins,
curisoso e outros trampolineiros, peritos na boçal arte de encanar a perna à rã
e de discutir o acessório.
É urgente fazer qualquer coisa. Ou será que já é
tarde de mais?
Caro Relaxoterapeuta
ResponderEliminarDe facto tem razão subscrevo por inteiro o seu texto que me deixa triste. Para além da realidade a foto emociona-me, lá reconheço quase todos que creio estarem vivos na totalidade.
Um abraço emocionado.
Rodrigo
Caro relaxoterapeuta, estou perfeitamente de acordo. É lamentável como tudo acontece como uma fatalidade, perante a chocante indiferença das autoridades locais, Perdoe-me a ~dureza da expressão, mas isto é cuspir na mão de quem nos alimentou a todos.
ResponderEliminarCpts
Fernando Esperança