Acabada a festa pá, é hora de desmontar a tenda e de fazer os agradecimentos da praxe. (Vamos a ver se não me esqueço de ninguém!...)
Em primeiro lugar gostaria de agradecer à nossa Constituição
o facto de ainda permitir o direito à greve. Até instruções em contrário,
continua portanto muito generosa.
Depois, gostaria de agradecer ao Professor Doutor Silva,
especialista em redes sociais e uma espécie de fiscal de linha da república
(que vai sinalizando todos os perigos enquanto assobia aquela do “ó malhão,
malhão”), o facto de ter trabalhado todo o santo dia, desdobrando-se em
contactos com o seu homólogo da Colômbia no sentido de, no futuro, promover o
aumento do produto (palavras dele). Aplaudo! Já eram horas do país largar os decadentes
cogumelos alucinogéneos e apostar nas plantas medicinais colombianas.
Em terceiro, uma palavra muito especial para o professor
Passos, nosso abençoado líder, que, de forma ponderada e avisada como é sempre
seu timbre, enalteceu as virtudes do trabalho, teceu loas aos desempregados que
expiam o pecado colectivo de termos vivido acima das nossas possibilidades, e
que sobretudo nos recordou que as greves são como o consumo de álcool – pode
ser, … mas com moderação. Com moderação. Juizinho.
Queria também agradecer aos energúmenos e aos agitadores que
destruíram património público e privado, terem desviado as atenções do facto
político do dia, oferecendo aos media as parangonas que vendem e as imagens que
chocam. Muito, mas mesmo muito obrigado, suas bestas.
Ao senhor ministro da Administração Interna, que elogiou a descrição
e a ternura com que os agentes da autoridade receberam durante cerca de duas
horas, milhares de exemplares de calçada portuguesa, oferecidos por
diligentes manifestantes como forma de compensar os simpáticos polícias pelos
cortes nos subsídios de férias e de Natal.
E por último, gostaria também de agradecer ao governo a
forma séria e auto-crítica como analisou esta manifestação de descontentamento,
tirando dela as correspondentes conclusões, mas não posso. Não posso porque o
governo não teve tempo para o fazer. Parece que os ministros estiveram
entretidos a projectar cenários macro e a fazer projecções. Fiáveis. Em excel.
Será que me esqueci de alguém?
Sem comentários:
Enviar um comentário