01/12/14

Nada na manga!


Até à pretérita semana apenas três portugueses ainda não se tinham pronunciado sobre o caso do cidadão português, emigrante em Paris, preso na manga dum avião que regressava da cidade luz carregado de livros de filosofia e de ciência política, a saber: o Sr. Silva, a Lurdes Rata e eu.
Como entretanto o Sr. Silva também se pronunciou sobre o “tema candente”, sobro eu e a Lurdes Rata.
Quanto à Lurdes Rata, não sei. Penso que enquanto a Casa dos Segredos lhe for ocupando o neurónio não haverá qualquer reacção à actividade do infatigável juiz Alexandre e do “seu” TIC, que mais se assemelha a um SAP.
Já quanto a mim, reitero a indisponibilidade para falar sobre o que não sei nem conheço! Se tenho suspeitas? Sim tenho. Acho que a minha vizinha da frente anda a encornar o maridinho. Todos os dias por volta das três da tarde vejo sair duma carrinha cinzenta com os dizeres “Alcides – Desentupimentos e Encanalizações”, estrategicamente estacionada duas casas à frente, um careca luzidio de macacão azul, com uma chave inglesa numa mão e um smartphone na outra. Depois dirige-se apressadamente para a casa da presumível galdéria, olhando para todos os lados, como se estivesse a ser seguido, e penetra na vivenda cuja porta se abre e fecha subitamente. Por volta das quatro sai pelas traseiras, com a chave inglesa numa mão, o smartphone na outra e um sorriso de orelha a orelha. Eu sei que até transito em julgado o vizinho da frente não é manso, a mulher não é galdéria e o “encanalizador” apenas faz o seu trabalhinho. Mas pelo falatório do outro dia ao pé do contentor, já há dúvidas quanto à paternidade do mais novo que “é a carinha chapada do careca”, segundo comentava entre-dentes a Clementina “Badalhoca”. Era inevitável. Visceral.
Não devo contudo deixar de sublinhar uma reacção que tive à “intervenção” do Sr. Silva, de quase auto-defesa. Uma reacção desenvolvida de forma inconsciente ao longo dos anos, sempre que o Sr. Silva regorgita bolo Rei enquanto comenta em tom professoral a actualidade. Coço a pulga atrás da orelha e digo para comigo – “Bom, se o Sr. Silva diz que as instituições estão a funcionar com normalidade é porque, estão… Bem, da última vez a coisa correu mal. Estava ele entusiasmado a “vender” boas acções do BES e o Sami a abrir cova em Casal Galego…”
Apesar do meu conhecido gosto pelo ilusionismo, desta vez não tenho nada manga. Nem na minha nem na do avião que descolou de Paris com um inocente e que aterrou na Portela com uma rara peça de leilão: “Quem dá mais?”


1 comentário:

  1. Imperdível !
    lá sai uma partilha, sem pedido de licença.
    Abraço
    Rodrigo

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