Até
à pretérita semana apenas três portugueses ainda não se tinham pronunciado
sobre o caso do cidadão português, emigrante em Paris, preso na manga dum avião
que regressava da cidade luz carregado de livros de filosofia e de ciência
política, a saber: o Sr. Silva, a Lurdes Rata e eu.
Como
entretanto o Sr. Silva também se pronunciou sobre o “tema candente”, sobro eu e
a Lurdes Rata.
Quanto
à Lurdes Rata, não sei. Penso que enquanto a Casa dos Segredos lhe for ocupando
o neurónio não haverá qualquer reacção à actividade do infatigável juiz
Alexandre e do “seu” TIC, que mais se assemelha a um SAP.
Já
quanto a mim, reitero a indisponibilidade para falar sobre o que não sei nem
conheço! Se tenho suspeitas? Sim tenho. Acho que a minha vizinha da frente anda
a encornar o maridinho. Todos os dias por volta das três da tarde vejo sair
duma carrinha cinzenta com os dizeres “Alcides – Desentupimentos e Encanalizações”,
estrategicamente estacionada duas casas à frente, um careca luzidio de macacão
azul, com uma chave inglesa numa mão e um smartphone na outra. Depois dirige-se
apressadamente para a casa da presumível galdéria, olhando para todos os lados,
como se estivesse a ser seguido, e penetra na vivenda cuja porta se abre e
fecha subitamente. Por volta das quatro sai pelas traseiras, com a chave
inglesa numa mão, o smartphone na outra e um sorriso de orelha a orelha. Eu sei
que até transito em julgado o vizinho da frente não é manso, a mulher não é galdéria
e o “encanalizador” apenas faz o seu trabalhinho. Mas pelo falatório do outro
dia ao pé do contentor, já há dúvidas quanto à paternidade do mais novo que “é
a carinha chapada do careca”, segundo comentava entre-dentes a Clementina “Badalhoca”.
Era inevitável. Visceral.
Não
devo contudo deixar de sublinhar uma reacção que tive à “intervenção” do Sr.
Silva, de quase auto-defesa. Uma reacção desenvolvida de forma inconsciente ao
longo dos anos, sempre que o Sr. Silva regorgita bolo Rei enquanto comenta em
tom professoral a actualidade. Coço a pulga atrás da orelha e digo para comigo –
“Bom, se o Sr. Silva diz que as instituições estão a funcionar com normalidade
é porque, estão… Bem, da última vez a coisa correu mal. Estava ele entusiasmado
a “vender” boas acções do BES e o Sami a abrir cova em Casal Galego…”
Apesar
do meu conhecido gosto pelo ilusionismo, desta vez não tenho nada manga. Nem na
minha nem na do avião que descolou de Paris com um inocente e que aterrou na
Portela com uma rara peça de leilão: “Quem dá mais?”
Imperdível !
ResponderEliminarlá sai uma partilha, sem pedido de licença.
Abraço
Rodrigo