Se eu fosse erudito começaria por
invocar Sócrates* – só sei que nada sei. Mas como sou apenas atrevido, invoco
Anibal Silva** - raramente me engano e nunca tenho dúvidas. Isto sou eu a
reinar, claro está.
O assunto é sério e delicado, mas
para mim está e estará na ordem dia, no que respeita às prioridades imediatas e
de sustentabilidade a médio/longo prazo – a água.
A questão da água será para mim
central nas próximas eleições autárquicas, ficando assim excluídos da minha
opção de voto quaisquer partidos ou movimentos que não tenham sobre o tema uma
posição clara e inequívoca, uma estratégia com pés e cabeça e a não considerem como
uma prioridade.
Felizmente que até hoje, salvo
casos pontuais, a sede do concelho não tem tido grandes problemas, quer quanto
à qualidade, quer quanto ao abastecimento. Porém, se nada for feito corremos o
sério risco de arranjar uma carga de trabalhos.
Por uma questão de princípio sou
contra a privatização dos sistemas de abastecimento de água e da sua gestão. A
absoluta importância deste elemento para a nossa existência e qualidade de
vida, a sua escassez em termos de qualidade e de quantidade, a necessidade
imperiosa do seu controlo e gestão, quer em termos qualitativos quer em termos
quantitativos, são para mim motivos mais do que suficientes para considerar que
a sua tutela deverá manter-se na esfera pública, com o que tudo isso implica de
vantajoso (naturalmente exigindo-se da gestão da coisa pública critérios de
rigor, racionalidade e parcimónia que, por definição, lhe deverão estar
subjacentes). A água, enquanto elemento básico de sobrevivência, nunca poderá ser
tratada como uma qualquer mercadoria, não podendo a sua gestão subordinar-se unicamente
aos princípios do mercado cuja “livre concorrência” bem conhecemos de outras
andanças (GALP, EDP, etc).
Feita esta declaração de princípios,
reconheço que a resolução do problema não é fácil, sobretudo porque um sistema
de abastecimento adequado às necessidades actuais e futuras de todo o concelho,
racional e sustentável, implica grandes investimentos e dinheiro é coisa que
também não abunda. Daí que me pareça que o assunto deva ser tratado com pinças,
mas também com determinação, seriedade e criatividade.
É claro que o recurso ao fornecimento
via Águas de Portugal poderá ser uma solução a encarar, se bem que na minha
opinião de leigo poderá representar num futuro próximo a dependência em relação
ao sector privado (não é preciso ser bruxo para adivinhar que o mais certo é a
privatização a breve prazo daquela empresa pública). Por outro lado, sabendo-se
como se sabe que o concelho dispõe de importantes reservas subterrâneas, seria
um desperdício não rentabilizar a favor de todos, um recurso natural
estratégico de que dispomos, ao contrário de outros que não têm sequer essa
opção à partida.
Gostaria contudo de saber muito mais
sobre a matéria e de conhecer todas as soluções técnicas disponíveis, incluindo
as de natureza financeira, que permitiriam a concretização dos investimentos
necessários para encarar-mos o futuro com confiança, já que quanto à decisão
política, em primeira instância, é minha, através do meu voto. E disso não
abdico!
* filosofo grego do séc. IV AC
(não confundir com o bolseiro de Paris e delegado de propaganda médica, nosso
contemporâneo).
** ficou conhecido por ter sido o
primeiro homem a ter feito uma orquiectomia preventiva (remoção cirúrgica dos
tintins), de forma a justificar a falta de coragem política (chamemos-lhe
assim). Face à idade avançada o caso teve pouco impacto mediático, quando
comparado com outros casos em que a cirurgia preventiva resultou de efectivos actos de
coragem.