25/08/11

Contributo para a Redução do Défice


Quando há dois dias atrás ouvi o secretário Moedas espremer a sua pálida mas esforçada capacidade argumentativa, explicando o grande esforço do governo para conter o défice, o desvio colossal entre os pontos B e C de dois segmentos de recta com um ângulo de aproximadamente qualquer-coisa-muito-grande*, e outras bojardas de igual quilate, senti-me tocado por uma espécie de luz divina que me soprava com voz abafada de trovão: “Dá o teu contributo para reduzir o défice! Dá o teu contributo para reduzir o défice!”. E mais tocado fiquei quando o dito senhor Moedas explicou que o governo estava a tomar medidas ao mesmo ritmo que eu tomo a porra dos comprimidos para a tensão arterial - e que gostaria também que a outra tensão se revelasse em todo o seu esplendor às companheiras de fruição – uma por dia! Nem mais.
Como não podia ficar indiferente a tanto toque, reflecti e disse cá para os meus botões – “Relaxoterapeuta, como cidadão responsável que queres ser, contribui lá com alguma ideia generosa, que essa coisa de só criticar, não é nada!” - ao que os meus botões responderam com rudeza e com incontida irritação: “Não te chega a talhada no subsídio de Natal e mais o resto?”. Sacaninhas dos meus botões, sempre a desconversar, sempre a desconversar, irra!!!
Meditei, meditei, e meditei, e, descobri: se entregarmos o Kadhafi à oposição Líbia, embolsamos um milhão e picos, o que já é uma boa maquia para aliviar o défice e para evitar que até ao fim do ano o governo passe a tributar as gajas que usam fio dental e botas de cano alto no pino do verão. Ora aqui está uma boa ideia. E vocês perguntam: “e isso não tem custos?”. É óbvio que não! Com a quantidade de perdigueiros que têm entrado para os ministérios, descobrir Kadhafi (ou o que resta dele) em Tripoli (ou o que resta dela), é mais fácil do que descobrir um polícia (ou o que resta dele) na Cova da Moura. É que quando toca a graveto, esta bicharada tem um faro muito apurado...

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* deve ser lido com sotaque vincadamente madeirense

1 comentário:

  1. Caro Relaxoterapeuta
    Li o seu texto com a normal atenção para encontrar nas entrelinhas aquilo que Sub-repticiamente vai metendo pelo meio e quando chego ao fim é que vejo a chamada de atenção para o sotaque aconselhado. Lembrei-me logo dos "mês azares". Mas pronto voltei atrás e aceitei a sugestão.
    E até estou de acordo. Mascarava-mos aí um Pilintra qualquer de Kadafi, ofereciamos como bónus uma catrefada de camelos que andam aí a atazanar-nos a cabeça e os bolsos e entregavamos a um tal de Vitor, o remanescente. Sim, tambem tinhamos direito a uma comissãozita.

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