Ter
ou dar opinião é saudável. Mas não ter ou não dar opinião, também é saudável. É
um direito. E, atrevo-me, às vezes até deveria ser um dever. Contudo, a acrisia
que reina nos media, na blogosfera, nas redes sociais, na sala de espera do
posto médico ou na fila da caixa do Pingo Doce, condena este país à ditadura da
opinião, a uma constante pressão para a formação de opinião precoce, a uma
constante pressão para a marcação da agenda política, económica, social, com base
no mediatismo da opinião dos mais iluminados.
Paradoxalmente,
a verdade é que a opinião está definitivamente democratizada, o que até pode nem
ser mau. O que é fracamente bom. Mau, é que a opinião seja transformada em
verdade absoluta, é que não seja escrutinável, é que se baseie em suposições e
não em factos, é que a opinião se transforme no próprio facto sendo por isso
também objecto de opinião, é que a opinião seja transformada num momento de
iluminação intelectual de peritos em… opinião. Mau, é que a opinião não se
forme no tempo certo, com base na informação útil e necessária, de forma
critica e responsável, em plano de igualdade, até porque a opinião é como a
genitália, cada um tem a sua. Ou será que a vagina da Lurdes Rata, a minha
mulher a dias, vale menos do que o falo do professor Marcelo ou a pilinha de
Marques Mendes? – “Claro que sim!” – responderão vossas eminências pardas em geografia
corporal. “Claro que sim!” – concedo eu, de orgulho ferido.
Porque,
meus caros, o problema do país não é um problema de opinião. Não, não é. Aliás,
estaríamos podre de ricos!... O problema é demográfico. É de envelhecimento da
população. É de envelhecimento da opinião. E é por essa razão que deveríamos
passar mais tempo a pinar e menos tempo a opinar. Até porque, mesmo antes de
ser uma actividade recreativa, pinar é uma actividade criativa. E o país
precisa urgentemente de gente feliz e criativa. O país precisa que mandemos
os opinadores pinar!
Será
que eu devia ir tomar o comprimido azul em vez de estar para aqui a emitir opinião?