Afinal o Pai Natal existe. Mais, também existe uma
Mãe Natal. Estiveram ontem em amena cavaqueira com Pedro Manuel, no Palácio
encantado de São Bento, enquanto na sala ao lado Popota ouvia atenta Paulo Sacadura,
companheiro de brincadeiras de Pedro Manuel, desabafar com mágoa que nem à macaca
se consegue brincar com António José, o colega de recreio taciturno e infeliz que
nunca está satisfeito com nada. Coisas de miúdos.
A conversa de Pedro Manuel com o casal Natal correu tranquila
e serena. Sem grandes sobressaltos. Sem grandes embaraços.
Pedro Manuel mostrou-se confiante e seguro dos seus
sonhos, falando dum país de fantasia, onde fadas e duendes empreendem, a cada
segundo que passa, o grandioso milagre da recuperação económica, apesar das investidas
dos dragões da bruxa Lagarde e dos ogres de Frankfurt e de Bruxelas. Mas,
cuidado! É preciso não baixar a guarda! Porque apesar do caminho traçado nos
levar inevitavelmente até Alice e a esse maravilhoso mundo onde tudo é possível,
incluindo a diminuição dos impostos sobre o rendimento das pessoas e a reversão
dos cortes de salários e pensões, é necessário manter (quem sabe reforçar) uma dieta rigorosa, sob
pena do aumento de gorduras nos voltar a precipitar ladeira abaixo, pela força
da gravidade dum Estado mãos-largas. Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram
mal a ninguém e Pedro, no zénit da sua prodigiosa imaginação, sabe do que fala.
Pai Natal e Mãe Natal parecem esmagados pela prosa
ponderada e pela quase obscena clareza com que Pedro Manuel esmiuça conceitos complicadíssimos
e intricadas equações. Já não têm dúvidas, Pedro Manuel merece a prenda que lhe
trouxeram, um monólogo criativo sem qualquer contraditório ou réplica de reposição
dos factos. Terá certamente um futuro brilhante. Com toda a certeza passará com
distinção qualquer prova oral. A menos que as renas se rebelem e no lugar do
casal Natal coloquem dois jornalista (a sério) que perguntem a Pedro Manuel o que realmente
todos queremos saber – o que é que ele fez com o enorme saco de gomas que lhe “demos”.
E o homem deixava-se entrevistar por jornalistas a sério? Nah!
ResponderEliminarSó quero dizer que gosto, gosto muito deste comentário terapeutico.
ResponderEliminar