Esta e outras imagens no blog "Pensamentos de uma Gaja"
Se a minha avó Trindade fosse viva, diria que é
coisa do demo e que são sinais do “fim do mundo”, ela que vaticinava - e que sempre
esganiçou, alto e bom som, a famosa premonição: “A dois mil chegarás, de dois
mil não passarás!”.
Infelizmente a velha finou-se (sem deixar pecúlio ao
neto…) mais de duas décadas antes do suposto armagedão, não podendo por isso confirmar ao vivo e a cores que, tirando os bugs nos computadores e a solipampa da sogra
da Lurdes Rata em pleno réveillon na sede das Figueiras, nada mais se passou
nesse noite que merecesse algum destaque.
Quis por isso o destino, e o “Poderoso”, que a
supersticiosa avó Trindade também não assistisse à actual invasão da cidade por hordas
de gaivotas de pata amarela, e pelas suas convidadas, as primas nórdicas de asa
escura, que procuram no remanso destas paragens, fugir aos rigores do inverno do norte da
Europa. Como se de repente o iluminado alcaide deste município virado a
atlântico, a “conselho” da DDT e do sacripanta, eminente especialista em
excursões, num golpe de asa e de astúcia política, tivesse aberto os campos da
bola à aviação civil das bichas, para fazer pirraça, ao ausente engenheiro logarítmico e à sua
pretensão de abrir Monte Real à Easyjet, e ao plano de desenvolvimento turístico
apresentado pela camarista com o respectivo pelouro, em nome do centro de trabalho
da Marquês de Pombal.
A verdade verdadinha é que o fenómeno transformou-se
num problema de saúde publica (!) com consequências na própria economia local.
Que o digam as garrafeiras próximas da Feira dos Porcos, que já contabilizam prejuízos e muitas dores de cabeça, para além de investimentos em
tecnologia para espantar as inconvenientes palmípedes. É que se ao menos fossem
cabras, não pousavam nos telhados das garrafeiras e sempre davam um desbaste na
relva dos campos da bola, com as consequentes poupanças na subcontratação desse
serviço pelo município. Pelo contrário, as malditas aves badalhocas, para além
de defecarem ao mesmo ritmo que o “nosso” (vosso!) ministro dos assuntos
alemães Mamede Passos Coelho debita graçolas sobre a Grécia, ainda transportam,
para cá, lixo da Valorlis e pedaços de carcaças de galináceos do aviário
contiguo.
Não sei se o assunto já foi a reunião do executivo, ou
se o engenheiro Monteiro Ferreira já estudou o dossier. Registo contudo que asautoridades estão apreensivas, atentas à situação e que já fizeram “algumasdiligências e reuniões”. A avaliar por outros assuntos “entre-mãos”, fico
descansado. Ou melhor, escuso de ficar descansado. Será que não temem pela
saúde de dezenas de crianças e jovens que todos os dias frequentam as instalações
do Estádio Municipal?
Mas para não dizerem que apenas aponto problemas e
não arrisco soluções, cá vai uma sugestão. Já que uma das formas de combater a
praga é o recurso à falcoaria, o conspícuo deputado Feteira Pedrosa que traga a
águia do glorioso, e a ponha a dar caça às indesejadas pássaras. Sempre era uma
forma de fazer qualquer coisa útil pelos eleitores do seu circulo. Mais não
fosse, porque enquanto estava entretido no Casal do Malta a atiçar a Vitória às
gaivotas, não estava no facebook a rembibar o malho contra o Syriza. Já começo
a desconfiar que aquilo é mais do que amor platónico. Ou será uma chinesice?