O Deputado Pedrosa,
um fulano cordato e perspícuo, que arrota azia a Medeiros e que cita Dumas e
Jorge Jesus enquanto vibra de fervor num idílico campo de papoilas saltitantes,
decidiu dar à estampa no seu pasquim virtual face-to-face, um terno momento de
reconciliação e de indulgência. De elevada nota artística. Atentemos pois à
coisa dita:
Uma moldura humana impressionante ontem no jantar de
Antonio José Seguro em Lisboa, mais de mil pessoas na iniciativa. Apesar da
angústia por um partido dilacerado, há também aspectos positivos, nota-se uma
grande adesão em ambos os lados, iniciativas com centenas e mesmo milhares de
socialistas e simpatizantes, o que dá ao dia 29 de Setembro um sinal de
esperança ou não fosse, claro está, este o meu dia de aniversário.
Embaçado pela
significância e pela delicada acutilância da prosa, entre o coice de mula velha
e a doçura do mel de rosmaninho, recordei o velho Eça na sua sublime e magistral
obra prima “Os Maias”, a qual me atrevo a copiar, cuidadosamente:
Citou então o exemplo do Gouvarinho: alli estava um homem
de occupações, de posição politica, nas vesperas de ser ministro, que não só ía
ao baile, mas estudara o seu costume: estudara, e ía muito bem, ía de marquez
de Pombal!
- Reclame para ser ministro, disse Carlos.
- Não o precisa, exclamou Ega. Tem todas as condições para
ser ministro: tem voz sonora, leu Mauricio Block, está encalacrado, e é um
asno!...
E no meio das risadas dos outros, elle, arrependido de
demolir assim um cavalheiro que se interessava pelo baile dos Cohens, acudiu
logo:
- Mas é muito bom rapaz, e não se dá ares nenhuns! É um
anjo!